Por Teresa Mioli
Histórias que mostram o impacto das mudanças climáticas estão no noticiário todos os dias. Mesmo assim, nem todo jornalista está preparado para contá-las.
Por isso, o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas está oferecendo o curso online multilíngue gratuito “Como Cobrir a Crise Climática — e Combater a Desinformação”, graças ao apoio da Google News Initiative. O curso será ministrado por John Schwartz, um professor de jornalismo da Universidade do Texas em Austin, que até recentemente escrevia sobre ciência no The New York Times.
Durante um período de quatro semanas, os alunos aprenderão sobre ciência climática e jornalismo climático, e os esforços de desinformação direcionados a eles. Inscreva-se agora!
“É importante que todos os jornalistas aprendam um pouco sobre a cobertura das mudanças climáticas, sejam eles jornalistas científicos ou climáticos ou não, porque o clima está afetando quase tudo”, disse Schwartz. “Se você é um jornalista de negócios, precisa entender o que as empresas estão fazendo. Se você é um jornalista de justiça social, precisa entender as questões de equidade envolvidas nas mudanças climáticas. Um repórter que cobre alimentação precisa saber como o clima está afetando as colheitas que chegam à nossa mesa.”
“Não há editoria que não tenha um ângulo climático hoje. Portanto, repórteres precisam ter familiaridade, pelo menos com o básico, para serem capazes de lidar com os problemas à medida que entram em cena, sem medo”, disse Schwartz.
O curso online aberto massivo (MOOC, na sigla em inglês) será realizado em inglês, português e espanhol. Schwartz ministrará o curso com a assistência dos jornalistas científicos Meghie Rodrigues em português e Emiliano Rodríguez Mega em espanhol.
Cada módulo acontecerá ao longo de uma semana:
• No módulo 1, os alunos revisarão o que sabemos sobre as mudanças climáticas e como o sabemos, incluindo a ciência que afirmou sua existência
• No módulo 2, os instrutores ensinarão o que são e o que não são as mudanças climáticas e como isso afeta as histórias que você conta sobre este fenômeno
• No módulo 3, os alunos aprenderão como identificar a desinformação sobre as mudanças climáticas e como combatê-la
• No módulo 4, os instrutores ensinarão como contar histórias humanas sobre mudanças climáticas que envolverão os leitores
A desinformação em torno da ciência do clima será uma parte importante do curso.
“Qualquer pessoa que escreva sobre mudanças climáticas pode esperar receber críticas de pessoas que não aceitam as evidências científicas e que tanto infectam a desinformação quanto a devolvem a você”, disse Schwartz. “Quando você escreve sobre clima, você pode esperar uma briga. E, portanto, entender as ferramentas de desinformação, entender não apenas por que as mudanças climáticas estão acontecendo e o que são, mas também ser capaz de analisar os argumentos das pessoas que te atacam, é muito importante e entender a história da desinformação e ser capaz de colocar isso no contexto do que o mundo tem vivido.”
Schwartz também enfatizará a importância de não se concentrar apenas nos ursos polares em perigo, mas nas pessoas afetadas pelas mudanças climáticas.
“Uma das coisas que estou me esforçando muito para passar no curso é que cabe aos repórteres encontrar os tipos de histórias que funcionam, que atingem os leitores”, disse Schwartz. “Sou um repórter científico de longa data. Passei anos da minha carreira aprendendo sobre ciência e escrevendo sobre estudos. Mas essa não pode ser a única maneira de escrever sobre mudanças climáticas, porque o clima afeta pessoas reais em suas vidas e contar suas histórias faz com que este tema se espalhe por todo o mundo. Essas são as histórias às quais pessoas reagem.”
“Adoro minhas histórias científicas e acho que elas são uma parte importante do jornalismo climático. Mas todos nós podemos fazer um trabalho melhor contando histórias melhor.” Isso envolve trazer a questão para perto de casa e contar histórias sobre as pessoas afetadas pelas mudanças climáticas, disse Schwartz.
“Somos gratos à Google News Initiative por seu apoio que tornou possível este MOOC trilíngue e temos a sorte de contar com uma equipe de instrutores liderada por meu colega John Schwartz que, por muitos anos, foi um dos melhores jornalistas dos Estados Unidos cobrindo mudanças climáticas”, disse o professor Rosental Alves, fundador e diretor do Centro Knight. “Também temos a sorte de contar com instrutores assistentes como Meghie Rodrigues, do Brasil, e Emiliano Rodríguez Mega, do México, ambos jornalistas científicos que cobriram questões de mudanças climáticas em seus países.”
Schwartz é professor de jornalismo na Escola de Jornalismo e Mídia da Universidade do Texas em Austin e diretor associado de seu novo Instituto de Liderança em Sustentabilidade Global. Ele trabalhou por 21 anos no The New York Times, inclusive na pauta das mudanças climáticas. Anteriormente, ele também trabalhou para o Washington Post e a Newsweek. É também autor de vários livros.
Schwartz ministrará o curso ao longo de quatro semanas usando palestras em vídeo, leituras, fóruns de discussão e questionários. O curso será assíncrono, o que significa que os alunos podem realizar as atividades nos dias e horários que melhor se adequam às suas programações. Existem prazos recomendados para que você não fique para trás.
Aqueles que concluírem com sucesso os requisitos do curso e pagarem US$ 30 são elegíveis para um certificado de conclusão. Nenhum crédito acadêmico formal está associado ao certificado.
Este é um momento crucial para aprender sobre como cobrir as mudanças climáticas e seu impacto no mundo ao nosso redor, por isso esperamos que você se inscreva neste importante curso. “As mudanças climáticas são a questão que define nosso presente e futuro”, disse a instrutora assistente Meghie Rodrigues. “Estamos alterando os sistemas naturais da Terra e, com eles, nossas chances de existir como espécie. Quanto tempo os humanos podem suportar em um planeta inabitável?”
Independentemente da sua editoria ou foco de trabalho, todos os jornalistas estão convidados a participar deste curso e aprimorar sua cobertura sobre as mudanças climáticas.
“Para mim, poucos temas ilustram os extremos da natureza humana como a crise climática. É onde, como jornalistas, encontramos histórias sobre deslocamento, tragédia e mentiras. Mas também sobre esperança e altruísmo. Tudo isso misturado com uma urgência que provavelmente nunca vimos antes”, disse o instrutor assistente Emiliano Rodríguez Mega. “Cobrir esta crise em toda a sua complexidade, com todas as suas nuances, deve ser uma das tarefas mais difíceis para qualquer jornalista. Ao mesmo tempo, acho que não há nada mais importante.”
Então junte-se a jornalistas de todo o mundo que estão cobrindo a história de nossas vidas e inscreva-se neste curso agora mesmo!
Jornalismo Científico